segunda-feira, 24 de abril de 2017

Treino de Esfíncteres em Crianças com Perturbação do Neurodesenvolvimento #2

 
Os pais de muitas crianças com Perturbações do Neurodesenvolvimento lutam frequentemente com dificuldades para tirar a fralda aos seus filhos. Há crianças a quem pura e simplesmente não podemos ler o "Lulu Larga as Fraldas" ou o "Até os Piratas Fazem Cocó", mostrar um bacio cor-de-rosa ou com piratas e pedir-lhes que imitem os pais, os irmãos ou os primos.

As razões são muitas no caso das crianças com dificuldades cognitivas e/ou com autismo: a compreensão verbal limitada, resistência à mudança de rotina, dificuldade na imitação, dificuldades em compreender os sinais do próprio corpo quando têm vontade de ir à casa de banho, dificuldade em compreender regras sociais.

Também as dificuldades sensoriais podem ser um obstáculo demasiado grande, nas crianças com perturbação de integração sensorial: as casas de banho são habitualmente espaços frios, com ecos e  reverberações sonoras que podem ser assustadoras ou simplesmente demasiado intensas para crianças sensíveis ao som. O tampo da sanita é por vezes intoleravelmente frio para as crianças hipersensíveis ao toque, para quem até qualquer mudança de temperatura da água do banho ou a sensação de água a escorrer na face pode desencadear uma crise de ansiedade difícil de acalmar. O assento pode ser demasiado alto para a criança, implicando que que fique com os pés no ar e sem pontos de apoio, deixando as crianças com hipersensibilidade vestibular demasiado assustadas para conseguir permanecer um minuto sequer e relaxar.

Por último, mas não menos importante, a prisão de ventre, extremamente frequente nestas crianças, vem muitas vezes compor o quadro, não só dificultando mas impossibilitando completamente o treino e tornando-o contraproducente. Ou seja, antes de iniciar o treino é absolutamente necessário resolver o problema da prisão de ventre, mesmo recorrendo a medicação com ajuda do pediatra ou gastroenterologista assistente. E assegurar que a bexiga tem uma capacidade minimamente suficiente para iniciar o treino.

São estas algumas das questões que vão ser abordadas na sessão da Oficina de Pais sobre este tema.

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